Entre território, currículo e comunidade: uma imersão em Educação para a Sustentabilidade
por Bruno Maia - Mestre em Educação para a Sustentabilidade e
Coordenador de Sustentabilidade da Escola Parque
Sustentar a vida no planeta se tornou uma ação cada vez mais urgente diante de tantas crises, como a crise global climática, a extinção de espécies em massa e as guerras entre nações. Com isso, a Educação, capaz de alimentar o sonho de outros futuros possíveis, tem papel crucial nesse processo de transformação da realidade atual. A partir desse enorme desafio, entendemos a formação de docentes como importante componente para educar para a Sustentabilidade, ou para sustentar a vida na Terra.
Em 2025, realizamos uma imersão em Educação para a Sustentabilidade na Escola Parque pelo Centro de Formação da Vila, como parte da trilha formativa Educar para a Sustentabilidade. Essa imersão se baseou na experiência de 15 anos da Escola no tema, com a criação de um setor dedicado e com uma equipe implementando projetos e ações. A Sustentabilidade é um pilar da Escola e vem sendo colocada em prática pelo Projeto Educar para a Sustentabilidade, a partir de enraizamento pedagógico e institucional, com o objetivo de criar uma cultura de práticas sustentáveis.
A imersão foi realizada envolvendo teoria e prática, com rodas de conversa, oficinas e vivência em campo. Discussões e atividades se deram a partir do tripé: território (escola); currículo e comunidade. Nesse contexto, os participantes conheceram a Escola e seus diversos espaços de aprendizagem, fora de sala de aula. Em seguida, participaram de roda de conversa sobre a implementação da Sustentabilidade e sua relação com o currículo. E, por fim, saíram da Escola para conhecer e conversar com a comunidade do entorno.

O início da imersão focou no território, na Escola. Torna-se fundamental não separar a comunidade escolar do seu espaço e compreender sua interdependência. De acordo com os Pressupostos do Educar para a Sustentabilidade da Escola Parque, na Educação Infantil o cotidiano e o ambiente são o próprio tema formador. No Ensino Fundamental, os aprendizados envolvem mais pesquisas e investigações no território, e, no Ensino Médio, as perspectivas socioambientais são ampliadas com mais autonomia e olhar crítico.
Sobre o currículo, a BNCC define como uma das competências fundamentais da Educação Básica a capacidade de agir pessoal e coletivamente tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. A partir dessa proposta, apresentamos a forma como implementamos os projetos, publicados no site da Sustentabilidade da Escola Parque, em todos os segmentos, de forma transversal. Compartilhamos também como nos inspiramos nos diversos saberes e no conceito do Bem Viver, que propõe outra relação com a Terra e com os seres vivos.
Em relação à comunidade, entendemos que os muros da Escola não podem representar barreiras para o Projeto Pedagógico, que, pelo contrário, propõe que esses muros sejam extrapolados, que a Escola faça parte da comunidade, e que seus projetos dialoguem, diretamente, com a realidade local. Além disso, assim como propõe a UNESCO, torna-se necessária uma abordagem Integral da Educação para a Sustentabilidade em toda a instituição, com seus membros e a comunidade.

Durante a imersão, foi realizada uma visita ao Parque da Cidade, envolvendo interação com a Associação de Moradores da Vila Parque da Cidade. A Escola Parque é membro do Conselho do Parque, ligado à Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio de Janeiro, reforçando a importância da parceria público-privada. Além disso, há mais de 10 anos, a Escola conta também com uma parceria, em diversos projetos, com a Associação de Moradores, que representa uma importante comunidade no seu entorno.
Com este ciclo, território (escola), currículo e comunidade, a imersão forneceu bases para a realização de projetos em outros espaços, territórios e escolas. Foram apresentadas experiências a partir de uma realidade local específica, mas discutindo caminhos para a adaptação em diferentes contextos. Além de envolver os aspectos do conhecimento sobre o tema, também foram abordadas habilidades e estímulo para projetos e ações em Educação para a Sustentabilidade em escolas de todo o Brasil.
Bruno Maia é Mestre em Educação para a Sustentabilidade e Coordenador de Sustentabilidade da Escola Parque. Foi idealizador e professor do Curso de Extensão em Educação Ambiental, na PUC-Rio, e realiza formações na área há mais de 15 anos.
Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília, 2018.
KRENAK, A. Caminhos para a cultura do Bem Viver. Org. Bruno Maia. Rio de Janeiro: Escola Parque, 2020.
Pressupostos do Educar para a Sustentabilidade. Escola Parque, 2018.
UNESCO. Educação para o Desenvolvimento Sustentável: Um roteiro. Brasília: UNESCO, 2021.
